19/06/2024
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Por uma política monetária a favor da economia e não contra, por José Guimarães
A política monetária do Banco Central conseguiu unanimidade de críticas e oposição de segmentos da indústria, do agronegócio, do comércio, até mesmo do sistema financeiro, por não encontrar respaldo técnico entre renomados economistas e agentes do setor produtivo e financeiro.
As razões apresentadas pelo presidente Roberto Campos Neto, para manutenção da taxa de juros no patamar entre as maiores do mundo, são uma falácia. Os índices de inflação, ao longo dos meses, estão abaixo do teto (4,5%) definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O projeto de desenvolvimento sustentável com justiça social, tão bem recebido nos grandes fóruns internacionais, levado pelo presidente Lula, está sendo inviabilizado por interesses, no mínimo escusos. A suspeita de favorecimento ao rentismo paira sobre muitas cabeças e a credibilidade do Banco Central, como instituição autônoma, começa a fazer parte das conversas nas esquinas.
A taxa de juro adotada pelo Banco Central inviabiliza qualquer projeto de recuperação e crescimento da economia. A expansão do crédito, medida fundamental para os investimentos e para a reconstrução do mercado interno de consumo, se tornou inexequível. A indústria e o comércio, setores mais sensíveis da economia, sentem as consequências da política monetária do Banco Central. Outros setores que também dependem do crédito, não estão suportando a asfixia da economia pela escorchante taxa de juros.
Há um programa de governo amplamente debatido na sociedade durante o período eleitoral, depois referendado nas urnas, deve ser respeitado. O mandato do presidente Lula, respaldado pelo sufrágio universal, não pode ser subordinado aos desígnios do presidente do Banco Central. A população está sendo privada do acesso ao crédito para produzir e consumir, em face dos proibitivos juros, que impede de ver viabilizado o programa de governo escolhido por ela nas urnas. O projeto do governo Lula, de desenvolvimento sustentável com inclusão social, prevê investimentos em todas as áreas, no plano de reconstrução do país.
A autonomia do Banco Central não foi concedida para abrigar a banca ou para ser usada politicamente. Banco Central não está cumprindo, plenamente, sua precípua função. Arrastado para o campo político, o Banco Central está sendo isolado, desligado da realidade econômica do país, com sua credibilidade abalada, por estar sendo usado como ponta de lança do projeto derrotado nas urnas.
O presidente do Banco Central sai da sua seara técnica e se embrenha na articulação política frequentando jantares com possíveis candidatos para as eleições de presidenciais de 2026. A máscara caiu e a politização da política monetária ficou exposta em praça pública ao sol do meio dia.
Tendo em vista as amarras colocadas no crescimento econômico pelas abusivas taxas de juros, gostaria de conclamar todos os setores da economia, principalmente o agronegócio, a indústria e o comércio, que sofrem nesse calvário, a se somarem aos esforços do governo Lula, para que o presidente do Banco Central deixe de lado a política e faça uma política monetária a favor da economia e não contra. O Brasil tem pressa, não pode continuar refém da política monetária predatória do senhor Roberto Campos Neto.
José Guimarães é advogado, deputado federal (PT-CE), e líder do governo na Câmara