01/04/2016
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50 mil cearenses retornam às ruas para dizer não ao golpe
A população cearense voltou a ocupar as ruas em defesa do mandato da presidenta Dilma e contra o golpe. Ontem (31/3), 50 mil pessoas participaram do ato nacional de mobilização em defesa da democracia, que começou no centro de Fortaleza e caminhou até o Centro Cultural Dragão do Mar, na Praia de Iracema. O encerramento contou com discursos do deputado federal José Guimarães, vice-presidente nacional do PT, do governador Camilo Santana e do ex-governador Cid Gomes, além de movimentos sociais e sindicais.
No palco montado para receber os artistas locais, Guimarães minimizou a saída do PMDB da base do governo Dilma e declarou que o desembarque “veio em boa hora”. “O governo vai poder repactuar sua base e já dialoga com diversos partidos com interesse em combater o golpe. As manifestações pelo golpe acabaram e nós estamos cada vez mais presentes nas ruas'', justificou. ''No sábado (2/4), teremos um grande ato com o presidente Lula que vai reforçar ainda mais nossa luta no Ceará”, convocou a multidão.
“Isso é uma vergonha para o Brasil. Um partido aliado há tantos anos, em três minutos, sair do governo, com a única e exclusiva intenção de o vice-presidente dar um golpe na presidente Dilma. Isso é inaceitável”, reforçou Camilo na praça do Dragão do Mar. “Esse é o momento de unir o País. Não tenho dúvida de que vamos sair mais fortes. Nós acreditamos na Justiça, mas fundamentalmente na mobilização do povo brasileiro”, prosseguiu Camilo.
“Qualquer coisa no lugar da Dilma hoje, como Michel Temer, é muito pior do que ela. A gente tem que lutar na rua e no dia a dia, convencendo as pessoas de que o Brasil está vivendo um momento difícil, mas tirar a Dilma e colocar Temer não vai resolver isso”, completou Cid Gomes.
Pelo país
A manifestação em Fortaleza integrou a mobilização nacional nas ruas em defesa da democracia. Na data em que o país completa 52 anos do início da ditadura civil-militar (1964-988), milhares de manifestantes foram às ruas em 25 estados e no distrito federal. Segundo os organizadores, mais de 800 mil pessoas participaram do ato nacional de mobilização.
A maior concentração de pessoas foi em Brasília: 200 mil. O ato começou às 15h30 no estádio Mané Garrincha e seguiu em direção ao Congresso Nacional, onde foram projetadas frases como “Fora Cunha” e “Não vai ter Golpe”. Bandeiras da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag) e da União Nacional dos Estudantes (UNE) eram carregadas por manifestantes durante toda a caminhada, assim como faixas de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Dilma Rousseff.
A representante da CUT na Frente Brasil Popular, Janeslei Aparecida de Albuquerque, disse à Agência Brasil que o ato na capital federal é essencial para o movimento. “Brasília, por ser a capital do país, é fundamental para dar visibilidade à nossa insatisfação com o golpe que está sendo aplicado contra o Brasil”.
Em São Paulo, protesto organizado pelas frentes Brasil Popular e pela Povo Sem Medo levou 60 mil pessoas à Praça da Sé, mesmo debaixo de chuva. Além da Praça da Sé, a multidão também ocupou a rua lateral da catedral, no centro da capital paulista. O ato foi batizado de “Em Defesa da Democracia, Golpe Nunca Mais”.
No Rio de Janeiro, ato pela democracia aconteceu no Largo da Carioca, no centro da cidade e reuniu mais de 50 mil pessoas. O cantor Chico Buarque esteve presente e pediu respeito à integridade da presidente: “É claro que estamos todos aqui unidos pelo apreço a democracia e em defesa intransigente da democracia (…) Então, estou aqui para agradecer a vocês que me animam a acreditar que não; de novo, não. Não vai ter golpe”, afirmou.
Mais cedo, o presidente da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj), Rossino Castro Diniz, disse que a população favelada do país, as camadas mais pobres, beneficiários dos principais programas sociais do governo, é contrária ao que chamou de tentativa de golpe contra a presidenta Dilma.
“Isto que está acontecendo aqui é só o início, porque o povo ainda está se conscientizando e o pessoal de favela demora mais para entender o que está ocorrendo. Quando eles forem botar [o impeachment] em votação, nós vamos colocar mais de um milhão de pessoas em Brasília. Os programas do governo beneficiaram a classe menos favorecida, o povo da favela. Quando eles entenderem que podem perder isso, o caldo vai engrossar. E você pode ter certeza, não vai ter golpe”, disse Diniz.