22/07/2013

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Deputado Guimarães entregará imagem de Padre Cícero ao Papa

O líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães (CE), entregará nesta segunda-feira (22) ao Papa Francisco um “kit devoção”. O pacote inclui lembranças de Juazeiro do Norte, como uma estatueta de Padre Cícero, um breve histórico do “santo popular” e uma carta onde pede, em nome dos milhões de fiéis de romeiros, juazeirenses e fiéis católicos, a reabilitação de Padre Cícero Romão Batista. O religioso teve os direitos de pároco suspensos pela Igreja Católica em 1916, sob a acusação de desobediência e heresia, e faleceu há quase 80 anos.

O encontro entre Guimarães e o Sumo Pontífice está previsto para acontecer no Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro (RJ), durante encontro de líderes parlamentares encabeçado pelo presidente da Câmara, deputado Henrique Alves (PMDB-RN). “O encontro com o papa é de extrema importância, vamos expor o papel de Padre Cícero para todos os brasileiros, em especial os nordestinos”, explica Guimarães. A reabilitação do Padre Cícero, que possui uma incontável relação de milagres, já é analisada pela Santa Sé.

ROMEIROS

Padre Cícero Romão Batista tem sua vida recontada pelos mais de dois milhões de romeiros que vão anualmente a Juazeiro do Norte para renovar votos de fé diante da imagem daquele que consideram um “padre-santo-milagreiro”. Na opinião do líder do PT, o Brasil tem uma dívida histórica e precisa resgatar a figura do Padre Cícero diante da Igreja Católica.
“Ele é uma referência da religiosidade cearense e nordestina e teve um legado umbilicalmente ligado à Igreja, sempre fazendo a opção pelos mais simples e pelos pobres”, afirmou. Para ele, o momento é oportuno para tratar do tema, já que o papa Francisco “é muito vinculado à justiça social, aos mais pobres e está resgatando o papel da Igreja Católica”.

A imagem de Padre Cícero, que recebeu da Santa Sé o título de clérigo insubordinado e foi acusado por ela de ser um herege, mantém-se viva entre milhões de fiéis nordestinos. O pleito é para que seja revista a sentença que o baniu dos seus quadros.

COMUNHÃO

Toda a polêmica com relação a Cícero Romão Batista começou com um fenômeno inusitado numa sexta-feira da Quaresma, exatamente em 1º de março de 1889. Na manhã daquele dia, a beata Maria de Araújo, ao receber a comunhão das mãos de Padre Cícero, experimentou algo inexplicável: a hóstia, ao tocar sua língua, se verteu em sangue. O fenômeno passou a se repetir com freqüência.

A notícia se espalhou, atraindo multidões ao povoado do Juazeiro do Norte, que viam naquele fato a comprovação da presença de Deus entre aquele povo sofrido do sertão. A Igreja, que enxergava com ressalvas aqueles episódios, acabou por punir Cícero após vários pedidos para que a situação fosse tratada com cautela.

O Vaticano já dispõe de ampla documentação sobre o caso do Padre Cícero, a fim de redimi-lo da sentença que lhe custou a pena de ser afastado de suas funções clericais. O processo para reabilitação do “Padim Ciço” foi oficialmente repassado ao cardeal Josef William Levado, então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, em 30 de maio de 2006, por uma comitiva que saiu do Ceará com essa missão específica.

DIOCESE

Com a recente troca de comando no Vaticano, o italiano dom Fernando Panico – atual bispo da Diocese do Crato, cidade vizinha a Juazeiro do Norte, e responsável pelo processo de reabilitação de Padre Cícero junto ao Vaticano – lamentou o fato de a reabilitação do religioso não ter ocorrido durante o papado de Bento XVI.

Panico afirma que o então papa se mostrava preocupado com a demora do processo e havia lhe prometido durante um encontro em Roma que iria acelerar o julgamento do caso. Segundo o bispo do Crato, foi o próprio Bento XVI – à época, ainda na condição de cardeal Josef Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé – que o incentivou a pesquisar e a dar inicio ao processo de reabilitação do Padre Cícero.