07/05/2013
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União entre esquerdas é fundamental para derrota do neoliberalismo
A continuidade das importantes mudanças políticas, sociais e econômicas ocorridas na América Latina e Caribe nos últimos dez anos depende, essencialmente, da unidade das forças de esquerda e progressistas da região. Esse é um dos principais pontos assinalados por dirigentes de partidos de esquerda e progressistas do subcontinente, durante reunião realizada semana passada, em Havana, para tratar do XIX Encontro do Foro de São Paulo, que será realizado de 31 de julho a 4 de agosto, na capital paulista.
A delegação do PT foi chefiada pelo presidente Rui Falcão e teve a participação do líder do partido na Câmara, José Guimarães (CE). “É indispensável e de importância estratégica, para os povos da região, a união das esquerdas e dos partidos progressistas, para continuar e aprofundar os projetos que derrotaram o neoliberalismo e têm garantido hoje , na maior parte dos países da América Latina e do Caribe, a construção de sociedades mais justas e democráticas”, disse Guimarães. “Interesses eleitoreiros não podem interditar este processo”, completa.
Na Declaração de Havana, divulgada no dia 30, os integrantes do Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo assinalaram que estão conscientes de que a pavimentação do caminho tem sido difícil, “cheio de desafios, fracassos, tentativas de desarticulação” , mas o “ interesse pela construção de um mundo melhor tornou possível a realidade política que caracteriza a América Latina e o Caribe nos últimos dez anos".
UNIDADE NA DIVERSIDADE
A propósito da unidade, o dirigente nacional do PT e secretário executivo do Foro de São Paulo, Valter Pomar, disse ao portal do PT na Câmara que o principal desafio é entender que se trata de “unidade na diversidade”. Segundo ele, “no âmbito continental, a unidade pode se dar em torno de uma estratégia comum de integração regional. Já no âmbito de cada país, a unidade pode se dar contra a direita e os interesses sociais que a direita representa”.
Ele observou que há, evidentemente, situações em que há várias esquerdas que “legitimamente disputam a hegemonia”, como está na resolução do Foro de São Paulo. Mas Pomar entende que há um limite que não pode ser ultrapassado. “Uma esquerda que se alia com a direita para derrotar outra esquerda, está geralmente dando um passo sem volta. Por exemplo, quando eu imagino ter candidato a presidente no primeiro turno, na expectativa de ter os votos da direita no segundo turno e derrotar meu aliado de esquerda. Quem faz isto, mesmo que não deseja, mesmo que não perceba, mudou de lado.”
O dirigente petista diz ainda que há outros desafios para a esquerda do subcontinente: manter os governos e aprofundar as mudanças nos países dirigidos por ela hoje; estimular a luta político-social e conquistar novos governos onde hoje a esquerda é oposição; acelerar o processo de integração regional, no âmbito da Celac, da Unasul e do Mercosul; desmontar a armadilha do "arco do Pacífico", acordo regional que busca contrapor-se ao Mercosul e à Unasul; e apoiar o processo de paz na Colômbia, porque isto reduz as chances de ingerência dos Estados Unidos na região.
Os dirigentes também assinalaram, na Declaração de Havana, a importância da reforma das instituições multilaterais. Segundo Pomar, isso significa, de um lado, a construção de uma nova institucionalidade multilateral, via instituições como Unasul, Celac, Banco do Sul e também através dos acordos feitos pelos Brics; e , de outro lado, democratizar o atual sistema multilateral, baseado em instituições como as Nações Unidas, sob controle de alguns dos vencedores da Segunda Guerra Mundial, especialmente pelos Estados Unidos, mesmo com todas as mudanças ocorridas no mundo nos últimos 60 anos.
Em Havana, foi aprovada a programação do Foro De São Paulo, o processo de inscrição eletrônica e um documento-base, que a partir desta semana estará disponível no site www.forodesaopaulo.org.br.