08/11/2011

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“Não podemos transformar dissenso em consenso”, adverte José Guima

A Comissão Especial da Lei Geral da Copa do Mundo 2014 (PL 2330/11), da Câmara dos Deputados, ouviu, nesta terça-feira (08), o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, e o secretário-geral da Fifa, Jerôme Valcke. Durante a audiência pública, o deputado José Guimarães (PT/CE) falou como líder do governo e cobrou dos demais parlamentares a construção de uma proposta que contemplasse tanto as exigências da Federação Internacional de Futebol e quanto o cumprimento da legislação brasileira.

No centro dos debates estiveram questões como a venda da meia-entrada para o evento mundial e o comércio de bebidas alcoólicas nas arenas esportivas. Atualmente, o Estatuto do Idoso (Lei No. 10741/03) e o Estatuto do Torcedor (Lei No. 10671/03) regulam, respectivamente, a venda da meia-entrada para pessoas com mais de 65 anos e a proibição da venda de bebidas alcoólicas nos estádios. A meia-entrada para estudantes em eventos esportivos é regulamentada por lei estadual, mas pode passar a valer nacionalmente caso o Congresso Nacional aprove, em dois turnos, o Estatuto da Juventude (PL 4529/04), e a Presidência da República sancione a nova lei.

“Esta audiência serviu para desfazer, ou desconstruir, um certo ambiente de oposição entre o governo da presidente Dilma, o Congresso Nacional e a Fifa”, analisa o deputado José Guimarães. De acordo com ele, o que cabe aos parlamentares que participam da comissão é buscar alternativas para adaptar aquilo que a Presidência da República firmou como compromisso do Brasil com a federação internacional de futebol à legislação brasileira. “O governo brasileiro tem todo interesse do mundo para que esta seja a melhor e mais bem organizada Copa do Mundo que já existiu”, completa.

“Não é o dissenso que irá construir o consenso nesta comissão especial [que analisa a Lei Geral da Copa]”, advertiu. “Teremos, em 2017, tudo o que um País gostaria de ter nas áreas de infra-estrutura, mobilidade e equipamentos esportivos”, concluiu lembrando o “legado” que será deixado para o Brasil com a realização da Copa das Confederações 2013, Copa do Mundo Fifa 2014 e Olimpíadas 2016.

O vice-líder do governo Dilma na Câmara foi também relator da Medida Provisória 527/11, que trata do Regime Diferenciado de Contratações (RDC) para as obras dos eventos mundiais.

Meia-entrada

O secretário-geral da Fifa, Jerôme Valcke, chegou a admitir que a entidade “não gosta” da idéia de meia-entrada para estudantes, mas disse que isso era um problema técnico e não financeiro. Para solucionar o impasse, Jerôme sugeriu a criação de uma categoria especial de ingressos, a chamada categoria 4. Esta nova categoria poderia garantir ingressos ao preço de U$S 25 (R$ 54,50) aos idosos e, possivelmente, estendendo o benefício aos estudantes.

“O ingresso para um jogo da Copa do Mundo, no entanto, vale muito no mercado paralelo”, advertiu sobre a possível compra de ingressos por cambistas.

Cerveja

Outro ponto abordado no debate entre Valcke e os deputados federais da comissão especial foi a venda de bebidas alcoólicas nos estádios. O secretário-geral lembrou que até mesmo em países como Rússia e Qatar, onde a bebida alcoólica é rigorosamente proibida nos estádios, houve uma exceção para a Fifa.

“Não vou assumir compromisso de que não será vendido álcool nos estádios, mas esse pedido será levado em consideração”, disse. “Temos um acordo com a nossa parceria Budweiser, de venda de álcool controlada nos estádios. A venda significa, por exemplo que a cerveja é vendida em copos de plástico”.

Segurança

Por fim, o secretário-geral da Fifa comentou que não existe preocupação da entidade quanto a segurança nos estádios. De acordo com ele, a segurança dentro das arenas esportivas fica a cargo da Interpol e, mesmo em caso de jogos de grande rivalidade, como Brasil x Argentina e Holanda x Alemanha, não existiram maiores problemas, mesmo com a venda da cerveja.

Ele afirmou que torcedores “fanáticos e agressivos” são fichados pela polícia internacional e, por isso, são facilmente identificados e controlados. No entanto, advertiu: “A segurança dos torcedores nas proximidades dos estádios e dos hotéis é uma das primeiras responsabilidades assumidas pelos países que se candidatam a sediar uma Copa”.

(com informações da Agência Câmara)