05/08/2009

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Banco Central: Ceará é o estado brasileiro menos afetado pela cris

O Ceará é hoje o Estado brasileiro menos afetado pela crise financeira internacional. É o que mostra o Índice de Atividade Econômica Regional do Banco Central (IBCR), divulgado ontem, em Fortaleza, pelo diretor de Política Econômica da instituição, Mário Mesquita. Pelo indicador - que combina dados com avaliação sobre agricultura, vendas no varejo, produção industrial, inflação, emprego formal e operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) - o Estado acumula IBCR de 4,9% nos últimos 12 meses, sobre igual período imediatamente anterior.

Conforme os dados do IBCR, contidos no Boletim Regional do BC, depois do Ceará, o vizinho Pernambuco aparece com maior dinamismo econômico, com 3,6%, num cenário que vislumbra rápida reação do Nordeste ante a tão falada crise mundial. "Pelo critério do IBCR, e ele é só uma das formas de analisar a atividade econômica, Ceará e Pernambuco têm liderado no País o movimento de superação da crise", disse Mesquita.

Vale destacar que a economia estadual mostra recuperação, inclusive acima da média nacional desde 2008, quando o IBCR foi de 8,2%.

No ano anterior - o primeiro da publicação do boletim com dados regionalizados -, o Estado havia ficado na pior colocação nacional, com 2,1%. "O desempenho em 2007 foi marcado por uma forte quebra da safra agrícola", explicou o diretor do Banco Central.

Conforme Mesquita, o bom desempenho do Ceará deve-se, em parte, ao menor peso da indústria de transformação na economia local.

"Algo que tem moderado o impacto da crise é o peso maior dos serviços de administração, saúde e educação públicas no Ceará", disse.

O outro Estado nordestino analisado, a Bahia, figura em sexto no ranking, com 2,3% de IBCR em 2009.

"Exatamente por conta do peso da indústria de transformação no território baiano", frisou. Comparando o IBCR dos trimestres março a maio de 2009 sobre julho a setembro de 2008, o Ceará apresenta indicador positivo de 0,3%, contra -1,1% do Nordeste, -1,2% de Pernambuco e -1,7% da Bahia.

RANKING POR REGIÕES
NE é 2º com melhor resultado

No trimestre encerrado em maio, o IBCR-NE apresentou crescimento de 0,4%, ante trimestre anterior Região foi menos prejudicada devido ao peso dos serviços públicos e do varejo

O Nordeste é a segunda região menos afetada pela crise financeira, perdendo apenas para o Centro-Oeste. Na outra ponta, o Norte figura com impacto mais intenso, sobretudo no que diz respeito à produção industrial _ que registrou queda de 4,8% nos últimos 12 meses - e à inflação, com o IPCA pressionado pela cesta de consumo típica da região, que tem um peso maior do grupo de alimentos.

O IBCR-NE cresceu 0,4% no trimestre encerrado em maio, em relação ao terminado em fevereiro último, quando havia apresentado retração de 1,6%. Em sentido oposto, o IBCR-N recuou 1,1% no segundo trimestre de 2009 e vinha de uma queda ainda maior, de 3,9% no trimestre encerrado em fevereiro deste ano.

Região menos prejudicada

Com o Produto Interno Bruto (PIB) nordestino crescendo acima da média nacional desde 2002, a região acaba sendo menos prejudicada pelo turbilhão financeiro global por conta do peso maior dos serviços públicos de saúde e educação, bem como do varejo, além do menor impacto da indústria de transformação em sua economia.

"Na maioria das regiões, a indústria foi mais afetada que o comércio e os serviços", afirmou Mário Mesquita, diretor de Política Econômica do Banco Central (BC). De acordo com ele, os programas federais de transferência de renda, cujo carro-chefe é o Bolsa Família, têm contribuído para a resiliência da atividade econômica na Região Nordeste. Mesquita destacou que os boletins regionais do BC subsidiam a formulação de diagnósticos para nortear a política monetária nacional.

"Fazemos aqui o que o Banco Central norte-americano (o FED) faz com o Livro Bege. São informações complementares", comentou. O Boletim Regional é uma publicação trimestral do BC que apresenta as condições da economia por regiões e alguns estados do País. Antônio Gustavo Matos do Vale, diretor de Administração do BC, destacou que a escolha do Ceará para iniciar o segundo ciclo de divulgação dos boletins mostra a importância das economias nordestina e cearense.
 

Fonte: Diário do Nordeste