17/03/2009
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Ipea: PAC é principal aliado do governo no combate à crise
O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, fez um balanço nesta terça-feira (17) dos reflexos da crise econômica mundial no Brasil. Ao dialogar com parlamentares da coordenação da bancada do PT na Câmara, Pochmann afirmou que as medidas adotadas pelo governo Lula para combater os a crise são estratégicas. No entanto, segundo o dirigente, o maior aliado do governo na resistência à crise é o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em vigor há dois anos.
“O Brasil vem adotando medidas inteligentes para combater a crise. Mas o fator de maior impacto neste processo é, sem dúvida, o PAC, em pleno funcionamento há dois anos. São estes investimentos que estão assegurando ao País sustentabilidade para enfrentar essa crise”, afirmou Pochmann. Outro fator determinante para o Brasil, segundo o economista, é o fortalecimento do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). “O Brasil tem o segundo maior banco nacional do desenvolvimento do planeta. Perdemos apenas para a China. Esse é um grande diferencial em relação aos Estados Unidos, por exemplo, que não possui uma instituição financeira com este propósito”, afirmou.
Pochmann afirmou que o Brasil já conseguiu superar a política neoliberal, que durante anos sucateou o Estado brasileiro, mas disse que ainda não se conseguiu estabelecer um modelo substituto. “O neoliberalismo se suicidou, mas ainda não conseguimos estabelecer um novo modelo. O desafiou agora é estabelecer novos paradigmas. Temos que repensar a estrutura do Estado brasileiro”, destacou. De acordo com o economista, no regime neoliberal as soluções para combater crises econômicas eram a redução do papel do Estado, o que contribuía ainda mais para ampliar os efeitos da crise. No governo Lula, segundo Pochmann, as soluções são opostas.
Distorção – O deputado José Guimarães (PT-CE) participou do encontro e disse que o Congresso precisa discutir as distorções do sistema bancário do País, que segundo o petista, apresenta vícios que contribuem para um cenário de crise. “Não podemos discutir a reforma tributária sem discutir o sistema bancário. Não é mais possível convivermos com uma situação onde os bancos faturam lucros exorbitantes. O governo precisa adotar medidas mais radicais no tratamento desta crise”, destacou.
Guimarães elogiou as iniciativas do governo Lula para combater a crise mas disse que o PT não deve se contentar apenas com essas iniciativas. “Somos um partido de esquerda com protagonismo. Não temos que nos limitar somente às iniciativas do governo. Temos que formular um conjunto de propostas para colocar o PT no centro deste debate”, disse.
IPI - O parlamentar criticou a possibilidade de manutenção da redução do IPI de automóveis. A medida, que teve início no mês de dezembro, tem validade até 31 de março. No entanto, o governo sinaliza a sua prorrogação com o intuito de prolongar o estímulo ao setor de automóveis. “Se o governo manter esta redução, muitos municípios terão dificuldades para arcar com suas despesas. Isso prejudica, especialmente, os municípios nordestinos que dependem prioritariamente do repasse desses impostos”, afirmou.
Consumismo x meio ambiente - Segundo Pochmann, não é mais possível manter o padrão de consumo capitalista do planeta frente às limitações do meio ambiente. “Para continuarmos com esse padrão de consumo, onde o mundo produz milhões de veículos e constrói casas enormes que funcionam como verdadeiros depósitos do consumismo, precisaríamos de mais três ou quatro planetas”, alertou. Pochmann alerta que o mundo está à beira de uma catástrofe ambiental.
Pochmann também criticou o modelo das instituições financeiras do Brasil e do mundo. Segundo ele, o setor é o principal responsável pela crise. “Temos um sistema bancário que dificulta a fiscalização dos governos. Além disso, no modelo atual, os bancos acabam ocupando um papel mais importante que os governos, que em geral dependem de financiamentos bancários para vencer os pleitos eleitorais. Temos que inverter essa lógica. Como um governo vai promover mudanças no sistema bancário, se eles acabam sendo mais fortes do que o próprio Estado?”, indagou Pochmann.
Assessoria de Comunicação Social