15/10/2008
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Produção de leite caprino terá incentivo no Ceará
O Programa de Desenvolvimento do Leite Caprino do Estado do Ceará deve ser implementado até o fim de 2008. Essa é a previsão do assistente técnico da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), Sérgio Bandeira, que apresentou o projeto a representantes do setor agropecuário durante a reunião semanal do Agropacto, realizada ontem pela manhã, na Assembléia Legislativa do Ceará.
Para a implantação do Projeto de Desenvolvimento do Leite Caprino falta o cadastramento dos dois laticínios que funcionarão em Caucaia e Russas, mas terão abrangência regional e dos produtores. O plano consistirá na compra, pelos laticínios, de leite de cabra diretamente de pequenos produtores, especialmente dos beneficiados pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Para cada litro, será pago R$ 1,20.
Grandes produtores também poderão atuar como laticínios, que ficarão responsáveis por deixar o produto em condições de consumo e também poderão transformá-lo em iogurte, queijo, leite em pó e outros itens. O preço estimado para venda é de R$ 1,70 e, a priori, o principal comprador deverá ser o Governo do Estado. Conforme Bandeira, há possibilidade do leite e dos derivados caprinos serem incorporados ao cardápio da alimentação escolar.
Para 2008/2009, o Estado estima comprar mil litros de leite. A aquisição deverá dobrar no ano seguinte e crescer mais daí por diante. Melhoramento genético dos animais e compra de reprodutores de outros Estados também estão previstos.
Demanda antiga dos pecuaristas, o incentivo à produção de leite caprino foi formatado após discussões com setores da agropecuária local e antecipa projeto de fortalecimento da ovinocaprinocultura cearense, especialmente da produção e do comércio de carne e pele dos animais. Conforme Bandeira, este projeto está sendo concluído na SDA.
Propostas e importância
Na ocasião, o chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Caprinos, Evandro Vasconcelos Holanda Júnior, apresentou uma série de propostas para o setor, sugeridas pelo Grupo de Impulsão de Ações e Propostas (Giap), que reúne várias entidades da área.
Para ressaltar a importância da ovinocaprinocultura, Holanda apresentou dados do Censo Agropecuário de 2006, segundo o qual há cerca de 1,5 milhão de ovinos no Estado, distribuídos em 58.296 estabelecimentos e mantendo 173.722 pessoas ocupadas. Existem ainda 742.868 caprinos em 38.114 propriedades, garantindo a ocupação de 113.850 pessoas.
Além disso, o especialista ressaltou a existência de material genético de qualidade no rebanho local. O crescimento da produção cearense também pode ter vazão para outros Estados brasileiros e para fora do País. Em termos nacionais, essa possibilidade é ilustrada pelo aumento de cerca de 600% das importações brasileiras de carne ovina nos últimos dez anos.
“Assim, você estaria gerando renda para comunidades carentes e melhorando a nutrição das famílias”, disse Holanda, lembrando que os próprios animais poderiam ser comercializados. “Mas precisa de organização”, ponderou.
Já o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) e presidente da Associação de Criadores, Flávio Saboya, destacou que a ovinocaprinocultura no semi-árido, depois da pecuária de leite, é a atividade que mais envolve o homem e já foi “abraçada pelo agronegócio”, pois o Estado tem grandes produtores. Sobre o leite caprino, destacou que Estados como a Paraíba conseguiram atingir alto índice de produtividade.
Para que isso se materialize, porém, além da efetivação de políticas de governo, Saboya lembrou que o Ceará precisa sair da classificação de “área de risco desconhecido” da febre aftosa, o que limita o comércio de animais e produtos.
Fonte: Diário do Nordeste
Mais informações:
Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA)
(85) 3101.8000
Embrapa Caprinos
(88) 3112.7400