18/02/2021

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[ARTIGO] Renovar o auxílio é salvar vidas

Mais de 17 milhões de brasileiros podem cair na extrema pobreza sem o auxílio emergencial em 2021. Segundo conceitos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, esse é o tamanho do impacto avassalador da descontinuidade do benefício que aprovamos na Câmara dos Deputados em março do ano passado. Em outras palavras, isso significa sobreviver com menos de US$ 1,90 por dia (algo como R$ 10).

Ao lutarmos pela aprovação dos R$ 600 ainda no início da pandemia, já reconhecíamos o efeito positivo dessa renda no dia a dia dos trabalhadores informais que precisaram permanecer em casa para diminuir a taxa de contágio do coronavírus. Foi uma medida que evitou a fome e impulsionou, ainda que minimamente, a economia em um dos momentos mais caóticos da nossa história.

Um estudo da consultoria Tendências aponta um cenário desolador para o Nordeste com o fim do auxílio. O benefício impulsionou o rendimento dos moradores da região em 8,3% no ano passado. Com a interrupção dos pagamentos, haverá um efeito reverso na renda, que tende a cair 8%.

Tamanho desastre é mais uma prova do fracasso neoliberal do ministro da Economia, Paulo Guedes. Essa não é a solução. Ao contrário, tamanha cegueira social vai nos empurrar ladeira abaixo cada vez mais. Não bastasse o corte no auxílio pela metade, Guedes ignora os perigos da segunda onda de Covid-19 ao afirmar que concentrar esforços nas vacinas é mais importante do que retomar os pagamentos. Não é preciso ser gênio para entender que uma coisa não substitui a outra.

Precisamos lembrar que não há previsão de vacinação em massa, ou seja, os trabalhadores informais vão continuar sem renda e suscetíveis à contaminação. Não há como escolher uma coisa ou outra. Precisamos de vacina tanto quanto do auxílio emergencial. Pensando nisso, já autentiquei projeto de lei para garantir que o benefício volte ao patamar de R$ 600 e seja estendido até abril deste ano. Assim, teremos a oportunidade de garantir um patamar mínimo de proteção social para os cidadãos brasileiros. 

*Publicado originalmente no jornal O Povo em 23 de janeiro de 2021.