25/09/2017
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Atacar Lula faz sucesso em Curitiba; ideia é tirar petista do páreo em 2018
Proposta pela presidenta Dilma Rousseff e aprovada pelo Congresso em 2013, a delação premiada representa um instrumento legítimo e importante na luta contra a corrupção. No entanto, jamais poderia se transformar, como se transformou, em ferramenta para manipulação de autoridades, autoproteção de transgressores e perseguição política. É nesse contexto que se faz necessário entender a possível delação de Antonio Palocci. Trata-se de mais um capítulo na tentativa de destruição do ex-presidente Lula e de sua possibilidade de retornar à Presidência da República.
Essa tentativa de excluir Lula das eleições de 2018 nada mais representa que a continuação do golpe institucional que depôs a presidenta legítima mesmo depois de comprovada a inexistência de ato ilícito. O golpe foi o 1º passo para impor ao país uma agenda recessiva e obsessivamente liberalizante, derrotada nas urnas nas quatro últimas eleições.
Para desespero dos adversários, e a despeito de todos os seus esforços, Luiz Inácio Lula da Silva continua a ser o único candidato com as qualidades necessárias para ganhar as eleições de 2018 –base social, legado e gratidão do povo brasileiro. Único presidente do Brasil a enfrentar a pobreza e a desigualdade, não é à toa que ele aparece à frente em todas as pesquisas de intenção de voto.
Acusações sem provas não apagarão conquistas históricas. Sob a presidência de Lula, o Brasil tirou 36 milhões de pessoas da miséria –e com isso nosso país saiu do mapa mundial da fome; suas políticas públicas levaram energia elétrica a 14 milhões de brasileiros do meio rural e água a 4,6 milhões de sertanejos atingidos pela seca no Nordeste. Lula criou 18 universidades federais e 173 novos campi, ampliando e interiorizando o ensino público superior, e ainda permitiu o acesso à universidade a mais de 4 milhões de jovens por meio de bolsas de estudo.
Haveria muito mais a ressaltar. E o povo sabe disso. A demonstração está não apenas nas pesquisas, mas também na forma calorosa e emocionada com que o presidente foi recebido durante a caravana que fez recentemente pelo Nordeste.
Por tudo isso, e diante dos sucessivos ataques do governo ilegítimo aos interesses do trabalhador brasileiro, não será uma delação sem provas que irá comprometer o reencontro de Lula com a vontade popular. Quanto ao desempenho do PT, percebo com otimismo que a sanha persecutória que tentou destruir o partido esbarrou na sua base social e nos fatos recentes, que mostram quais eram os reais interesses daqueles que atacavam as lideranças e o legado petista com tanta virulência.
Os erros cometidos pelo PT se inserem no contexto de um sistema viciado, marcado por práticas que devem ser abolidas da vida pública brasileira, mas que, jamais, podem ser atribuídas exclusivamente à legenda, como tentou fazer crer grande parte da mídia conservadora. O partido passa por um processo de profunda reflexão e busca pelo reencontro com suas bandeiras e compromissos históricos, como comprova a luta para impedir uma reforma previdenciária desumana e para aprovar uma reforma eleitoral efetiva e voltada para o interesse público.
Em 2018, teremos candidaturas majoritárias fortes em pelo menos 10 estados. Enfrentaremos o debate político-eleitoral visando manter ou até ampliar nossas bancadas no Congresso Nacional e, dessa forma, em conjunto com as demais forças progressistas, ajudar o presidente Lula a restabelecer as bases sociais construídas ao longo de décadas de luta, e usurpadas do povo trabalhador por um governo insensível e inconsequente.
Não é difícil perceber que o depoimento de Palocci ao juiz Sérgio Moro segue o mesmo roteiro já observado em casos anteriores. Quer se livrar de seus problemas? Ataque o Lula! Observe que, na primeira vez em que esteve frente ao juiz Moro, o ex-ministro ameaçou acusar “uma grande empresa de comunicação” e o sistema financeiro. Não conseguiu o acordo que pretendia. Mas com uma série de acusações contra Lula, sem nenhuma prova, abriu-se o caminho do acordo de delação.
Envolto em contradições, Palocci afirma que “ouviu falar”, que “teve conhecimento” de supostas situações envolvendo o ex-presidente. Ele sequer se coloca presente nos acontecimentos narrados. Mas mesmo essa fala desconexa já valeu a promessa de colaboração. Afinal, o ex-executivo da empresa OAS, Leo Pinheiro, só por mencionar Lula, também sem provas, conseguiu a incrível redução de pena de 50 para 5 anos. Atacar Lula parece ser certeza de sucesso em Curitiba.
Eliminar Lula da disputa presidencial representaria o ato final do golpe que vitimou a democracia brasileira e colocou no comando do país representantes de interesses superelitistas e antinacionalistas. Não à toa, a primeira iniciativa de Michel Temer na na presidência foi entregar aos estrangeiros a exploração do petróleo brasileiro. E agora anuncia um plano de privatizações que prevê a entrega até da Amazônia, da Casa da Moeda, do nosso espaço aéreo. O que está à venda, e por um trocado, é o Brasil.
Lamentavelmente, conseguiram fazer do ex-ministro Palocci um personagem relevante, neste momento, para tocar o plano de vender o Brasil. Reitero, porém, que acusações jogadas ao vento jamais apagarão um legado histórico como o que foi construído pelos oito anos de governo Lula. O povo está saudoso de seu melhor presidente, e só um novo golpe pode impedir que demonstre nas urnas esse desejo de que ele retome o poder.