08/07/2013

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Médicos estrangeiros no Brasil

Há décadas, o Brasil padece da falta de médicos nas regiões mais carentes, como periferias de grandes cidades e cerca de 500 municípios do Interior. Ao longo dos últimos dez anos, o número de postos de emprego formal criados para médicos ultrapassa em 54 mil o número de graduados no País. Segundo dados do Caged, de 2003 a 2011, surgiram 147 mil vagas na área, contra 93 mil profissionais formados. Nossas escolas não conseguem formar médicos na velocidade que o País precisa.

O Brasil tem poucos médicos e ainda mal distribuídos. Dos 371.788 médicos brasileiros, 260.251 estão nas regiões Sul e Sudeste. Temos 1,8 médico por mil habitantes, média inferior a países como Argentina (3,2), Cuba (6,7) e Espanha (4). Pior: 22 estados brasileiros têm média inferior à nacional, como Maranhão (0,58) e Pará (0,77). O Ministério da Saúde quer alcançar a meta de 2,7 médicos por mil habitantes, mesma do Reino Unido, onde, depois do Brasil, há o maior sistema público de saúde orientado pela atenção básica do mundo.

Estudo mostra que 58,1% das pessoas destacam a falta de médicos como principal problema do SUS. Na região Nordeste, apesar do resultado positivo do Provab (Programa de Valorização da Atenção Básica, que oferece bolsa de R$ 8 mil mensais), 41% dos municípios que solicitaram profissionais não conseguiram atrair médicos. Das 1.091 cidades nordestinas participantes do programa, 457 não receberam sequer um profissional.

Uma das soluções possíveis é a contratação de médicos estrangeiros para atuarem na Atenção Básica, submetidos a critérios de revalidação de diplomas conforme determina a legislação. Países desenvolvidos são abertos nesta área. Na Inglaterra, 40% dos médicos são estrangeiros; nos Estados Unidos, 25%; e no Canadá, 22%.

Infelizmente, move-se uma campanha contrária, com alvo preferencial em Cuba. A ilha é reconhecida internacionalmente por seus feitos na área médica, tem 6,7 médicos por mil habitantes e um dos melhores indicadores de saúde do mundo. O New England Journal of Medicine informa que “o sistema de saúde cubano parece irreal. Todo mundo tem um médico de família. Tudo é gratuito, totalmente gratuito. Seu sistema de saúde resolveu problemas que o nosso (dos EUA) não conseguiu resolver ainda”.

O Brasil precisa dar um salto de qualidade no SUS e na assistência médica em geral. Precisamos combater preconceitos, reações corporativistas e desinformação. A população brasileira não pode esperar.


José Guimarães
Deputado federal (PT-CE) e líder do partido na Câmara