22/08/2007
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O PT e a responsabilidade do protagonismo
O elevado nível dos debates e o grau de unidade registrado no 3º Congresso Estadual do PT nos permitem uma manifestação de otimismo, quanto à capacidade de aproveitarmos as oportunidades do atual momento histórico, para consolidação do nosso projeto político e sedimentação da sua continuidade.
No Ceará, o PT foi protagonista de uma articulação política vitoriosa, que elegeu Cid Gomes governador, o professor Pinheiro vice-governador e Inácio Arruda senador, além de assegurar a Lula mais de 80% dos votos no Estado.
A nossa presença no governo, ocupando espaços importantes, representa um grande desafio à nossa capacidade de continuarmos protagonizando o processo político e administrativo no Estado.
A intervenção do PT no governo será tão mais efetiva e precípua, quanto maior for a nossa capacidade de formulação das definições estratégicas e das políticas a serem implementadas.
Nos sete meses de mandato, o governo Cid tem adotado práticas político-administrativas que guardam identidade com o modo petista de governar, com inversão de prioridades, políticas de desenvolvimento local e regional e participação social.
Nossa definição de apoio ao governo não significa, evidentemente, que renunciamos à nossa autonomia e à nossa capacidade de apresentar propostas e críticas. A autonomia do PT em relação a qualquer governo, em todos os níveis, já é um valor incorporado à nossa cultura militante.
A ação propositiva do PT será decisiva para que o governo imponha a profundidade e a extensão necessárias às mudanças que a realidade cearense reclama, invertendo a lógica das gestões tucanas, principalmente no que se refere à superação das desigualdades, com desenvolvimento desconcentrador de renda entre as classes sociais e espacialmente entre as diversas regiões do estado, bem como, no tocante à ampliação e qualificação dos espaços de participação e controle social do Estado.
A vitória do PT nas eleições estaduais credencia o partido para ampliar sua presença nas prefeituras e câmaras municipais em 2008. Para tanto, o centro da nossa tática consiste na consolidação da aliança montada em 2006, com destaque para a importância da reeleição dos prefeitos petistas nela integrados, a exemplo da prefeita Luizianne Lins, cujo papel foi muito importante para vitória em 2006, e cuja reeleição o PT precisa compreender como de importância central.
Assume ainda papel estratégico, na tática do PT, a identificação e o compromisso dos nossos candidatos com a valorização e a renovação dos modos petistas de governar e legislar, como referência em políticas públicas capazes de promover a cidadania e melhorar significativamente a vida das pessoas.
A ação política do PT deve sempre primar, ainda, pela adequada combinação da luta institucional com a luta social. Os movimentos sociais são, para o PT, parceiros estratégicos, numa relação de autonomia, sem subordinação ou tutela de lado a lado. A orientação do PT para os governos petistas é no sentido de que a relação com os movimentos sociais seja intensificada ao máximo, pautando-se no respeito e no reconhecimento da legitimidade destes, como sujeitos de reivindicações e proposições. Os conflitos eventualmente estabelecidos, geralmente em torno de questões mais imediatas, são naturais ao processo democrático e compõem a dialética dessa relação, cujo tratamento não pode perder de vista a percepção maior do nosso projeto estratégico.
No Ceará, o vigor do movimento social tem a marca da militância petista. CUT, Fetraece, MST, movimentos sociais urbanos, das favelas, de negros, índios, mulheres, estudantes, juventude, economia solidária, dentre outros, são atores sociais responsáveis por importantes mobilizações, como o Grito dos Excluídos, Grito da Terra, Marcha das Margaridas, Dias de Mobilização e Luta, seminários, feiras, ocupações, assentamentos, enfim, uma vasta e substancial agenda, que além de orientar a luta social, constitui um importantíssimo pólo de atração das políticas de estado para o campo popular, tencionando positivamente para o aprofundamento do curso progressista dos nossos governos.
José Guimarães
Deputado Federal (PT-CE)