27/10/2005
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Raça Forte
Movido por decepções e desencantos, estive quase de saída do PT e de volta ao PDT, onde deixei uma parte grande do meu coração, apesar das rusgas com Brizola e com seu seguidor Carlos Lupi, que teve a grandeza de propor a paz. Pensando no Brasil, vejo que o velho ideário trabalhista não se submeteu ao "Mercado", e continua insistindo em completar o antigo projeto de Getúlio Vargas.<br /> <br /> Entretanto, de malas quase prontas, eis que sou surpreendido por um acontecimento sem precedente em nossa História: uma demonstração de vitalidade do PT, de participação de sua militância, capaz de impressionar profundamente qualquer um que tenha acompanhado a nossa política nos últimos cinqüenta anos. Uma demonstração de que algo muito importante mudou neste país em termos de qualidade de sua vida política. A raça do PT, que os banqueiros queriam eliminar, afirmou-se de maneira absolutamente inequívoca, com o voto espontâneo de trezentos mil militantes (!) para escolher sua nova direção. <br /> <br /> Tudo isso debaixo de um tiroteio, que partia principalmente da direita, mas que também vinha de uma esquerda insensata que parece ter escolhido o PT como seu principal inimigo. Demonstração, também, de maturidade definitiva, mudando a composição do equilíbrio interno e mostrando que o PT é realmente maior do que Lula, que aliás não compreendeu o que se estava passando e não quis comparecer e votar.<br /> <br /> Alvíssaras! Então o Brasil tem agora o seu grande partido de esquerda, que não é mais um partido de elite, mas um partido de massa, um grande partido democrático, sem donos, que deixou de ser purista e humanizou-se, que aprendeu muito na crise e reagiu positivamente, mostrando que pode sustentar uma mudança política significativa mas madura e viável, capaz de retomar a construção do projeto de desenvolvimento brasileiro atualizado, marcado pela efetiva prioridade na redução das desigualdades doentias e na afirmação da soberania nacional.<br /> <br /> Não há razão para abandonar este partido, mas sim para ingressar ou reingressar nele e ajudar a fazer dele este instrumento político do novo projeto, começando, creio, pela cessação da autofagia interna, pela convergência possível das tendências inimigas em torno de uma direção nova e comprometida com as bandeiras originárias do PT; com a confiança no apoio das bases e não na máquina portentosa montada com dinheiro sujo; com os objetivos primordiais de justiça que devem nortear a execução de um projeto sadio de desenvolvimento de um Brasil realmente para todos.<br /> <br /> O PT mostrou a força da sua raça. E a hora, portanto, não é de sair dele mas de ficar, com motivação e energias redobradas, para enfrentar os obstáculos do momento e de sempre, colocados pelos poderosos endinheirados.