21/02/2005

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O PT saiu vitorioso das eleições municipais

Primeiramente, deve-se salientar que a tão vaticinada proclamação dos opositores ao governo Lula, de que este sairia derrotado nas eleições, demonstrou-se equivocada. Os números da vitória petistas nas principais capitais brasileiras, bem como seu adensamento no interior e sua expansão no Nordeste, evidenciam o contrário. Afinal, conquistamos 411 prefeituras, ante 187 que possuíamos anteriormente, além de multiplicar nossa bancada legislativa municipal em todos os quadrantes do Brasil, o que contribui para a consolidação do perfil nacional do PT, superando assim, dificuldades históricas quanto à capacidade de difusão de nossa mensagem por outras regiões brasileiras. Dimensão nacional que revela a assimilação do PT da heterogeneidade étnica, cultural e identidária de nossas raízes e processos formativos sob o enfoque democrático-popular, operando assim uma ampla síntese histórica e programática do país. <br /> <br /> Outro mito falso foi aquele meticulosamente ordenado por diversos jornalistas ''especializados'' e alguns intelectuais sectários que prediziam a conversão ideológica do PT ao neoliberalismo, abrindo mão de sua identidade socialista democrática e de suas profundas convicções republicanas e democráticas. Com exceção de segmentos da classe média, o que assistimos foi a clareza com que a sociedade brasileira percebeu as diferenças políticas e ideológicas do PT e do PSDB, em que pese a presença de elementos continuístas na política econômica do governo Lula, advindos, em grande parte, da subordinação passiva do Estado brasileiro - na era FHC - ao processo de financeirização internacional do capital. <br /> <br /> Essa distinção político-ideológica expressa-se especialmente na compreensão, por parte do PT, do papel indutor do Estado no desenvolvimento e no fomento a mecanismos de controle social de elementos do mercado. Como, aliás, ficou patente nos episódios da discussão do Conselho Federal de Jornalismo, da Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav), da política energética, da política industrial, da fiscalização do sistema universitário privado, das agências reguladoras, do planejamento regional, dos fundamentos da política internacional, entre outros. Debates em que dois conceitos ideológicos de liberdade afloraram: de um lado os liberais - tendo à frente boa parte da mídia e principalmente do PSDB e PFL - a defender a supremacia e intangibilidade do mercado e de seus processos de autocontenção; e de outro, o PT e seus aliados, a argüir a centralidade do protagonismo democrático e republicano da maioria da sociedade civil, que deve pugnar pela participação ativa da cidadania nos processos deliberativos e na conformação das estruturas de poder. <br /> <br /> Não obstante os erros cometidos pelo PT e a esquerda em determinados momentos, quando não soube entabular uma razão pedagógica no convencimento de muitas propostas do governo Lula - especialmente junto à intelectualidade - deixando-se enredar na retórica muitas vezes terrorista da oposição. Erros e acertos que precisam ser judiciosamente analisados para que possamos aprimorar nossa ação no sentido de transformar a injusta sociedade brasileira.