14/10/2004
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Aniversário do PT: Balanço e Reflexão
Um dia de aniversário é um momento oportuno para comemoração, mas também de fazer balanços sobre a vida e, principalmente, de avivar a devida reflexão sobre o presente e o futuro. <br /> <br /> A existência de um partido político não é algo diferente, pois sua vitalidade emerge da sociedade concreta em que está inscrito, de suas contradições, de suas particularidades, bem como da sua capacidade de interagir com a realidade social, ao entrelaçar sua história particular com a história geral do povo e do árduo processo de formação de sua consciência ético-política. <br /> <br /> O Partido dos Trabalhadores nasceu há 24 anos atrás das entranhas do povo brasileiro, de suas demandas mais sentidas, oriundas de um Brasil profundo, visceralmente ligado as lutas dos trabalhadores do campo e da cidade, das reivindicações estudantis, das mulheres, das minorias, dos pobres e dos setores médios, que ao longo dos tempos sempre se viram marginalizados do acesso as riquezas e do poder no Estado brasileiro. <br /> <br /> PT que conseguiu em sua fundação, sintetizar em um momento de singular fertilidade teórica e prática, o movimento emancipatório “dos de baixo” em busca da construção do protagonismo da vontade popular, sendo capaz de incorporar em seu interior espectros variados da esquerda brasileira, com seus matizes doutrinários diferenciados advindos de tradições políticas e ideológicas também diversas fundadas em perspectivas socialistas fundamentalmente pluralistas ao mesmo tempo em que constituía um campo consensual em nossa cultura partidária de reconhecimento da democracia como valor universal.<br /> <br /> Daí porquê o PT ao brotar em 1980 afirma com contundência sua opção radical pela democracia, pelo pluralismo social e político, pela defesa de uma sociedade igualitária, justa e fraterna, sem medo de confrontar-se com a tradição da cultura brasileira da “conciliação das elites”, dos arranjos oligárquicos, das soluções cupulistas que marginalizam o povo, tradicionalmente acalentado por nossas elites patrimonialistas, responsáveis maiores pela geração de um Brasil abissalmente desigual e injusto. <br /> <br /> Sem temer, contudo, insurgir-se contra os males de uma certa esquerda de nosso país que se desenvolveu à sombra do Estado, presa as amarras de um autoritarismo vanguardista, sectário, e por vezes apegado a concepções burocráticas de sociedade e de mundo.<br /> <br /> Coragem de estruturar um partido de esquerda combativo, de massas, radicalmente democrático e pluralista que não o impediu de constituir-se como um partido dialógico, aberto às heterogêneas correntes políticas e ideológicas que conformam a sociedade brasileira, em um exercício cotidiano e nem sempre fácil de tolerância. <br /> <br /> Firmeza política e ideológica que combinada com a prática da tolerância e do diálogo fizeram do Partido dos Trabalhadores uma alternativa de governo e de poder cada vez mais concreta, a despeito das enormes resistências que teve de enfrentar ao longo de seus 24 anos de existência. <br /> <br /> Neste sentido, a presença do PT junto aos movimentos sociais, às demandas por direitos, bem como a ocupação de espaços no âmbito do legislativo e do executivo – como se deu com a histórica vitória do companheiro Lula nas eleições presidenciais de 2002 não devem servir de motivo de vanglória ou de acomodações de interesse, deixando-se levar pelo sabor encantatório, e muitas vezes, falacioso do poder, mas sim, funcionar como poderoso estimulante de nossas energias vitais, possibilitando assim que reafirmemos mais uma vez nosso compromisso com os valores e princípios que fundamentam a razão de ser do Partido dos Trabalhadores na sociedade brasileira.