09/03/2017

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São Francisco: Guimarães critica oportunismo e lembra que projeto tem DNA

Remonta aos tempos do império, durante o domínio de D. Pedro II, as primeiras propostas de canalização do rio São Francisco para solucionar a mazela da seca no semiárido. Getúlio Vargas, ainda no Estado Novo, realizou uma série de estudos para avaliar a viabilidade do projeto. Nos estertores da última ditadura, Figueiredo retomou a ideia, mas não a tirou do papel. FHC chegou a assinar um documento intitulado “Compromisso pela vida do São Francisco”, que apontava a necessidade de revitalização do rio para, então, se passar à construção de canais em vários eixos.

Quase 200 anos depois, coube a um retirante nordestino e a uma mineira radicada nos pampas a tão sonhada concretização – literalmente, no âmbito da engenharia – do maior empreendimento hídrico da história do Brasil e um dos maiores do planeta.

Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o primeiro operário presidente e a primeira mulher a governar o País que abriga extremos relativos à disponibilidade de água: de um lado, 60% da Amazônia e cerca de dois terços do Aquífero Guarani; do outro, uma imensa região de baixíssimos índices pluviométricos e raros mananciais subterrâneos de grande volume cuja extensão – 844 mil Km² – seria o 33º maior país do mundo em área territorial.

“Passaram 100 anos prometendo. FHC foi ao Ceará e fez um belo comício, em 1994, quando disse: no meu governo, nos primeiros 4 anos, eu vou começar a obra. Passaram os 8 anos e não fizeram nada. Mas o País sabe que esta obra foi pensada estrategicamente pelo Presidente Lula”, lembrou com propriedade na tribuna da Câmara, na última terça-feira (7), o deputado José Guimarães (PT-CE), ele mesmo filho do sertão central do Ceará, onde a terra é a mais árida entre todas as zonas áridas da caatinga, bioma que abarca boa parte do Nordeste e chega ao norte de Minas Gerais.

Guimarães, como todo bom nordestino que admira a cultura popular, conhece bem os versos de “A triste partida”, poema do seu conterrâneo Patativa do Assaré que foi imortalizado em canção gravada por Luiz Gonzaga, que compartilha com Lula tanto a origem quanto o êxodo em busca de melhor sorte na vida. “Setembro passou / Outubro e novembro / Já estamos em dezembro / Meu Deus, que é de nós / Meu Deus, meu Deus / Assim fala o pobre / Do seco nordeste / Com medo da peste / Da fome feroz (...) Sem chuva na terra / Descamba janeiro / Depois fevereiro / E o mesmo verão / Meu Deus, meu Deus / Então o nortista / Pensando consigo / Diz: ‘isso é castigo, Não chove mais não’ / Em um caminhão / Ele joga a família / Chegou o triste dia / Já vai viajar / Meu Deus, meu Deus / A seca terrível / Que tudo devora / Ai, lhe bota pra fora / Da terra natal”, registrou Patativa, sem grande instrução formal, mas de notável e profundo conhecimento da alma do seu povo, tal qual o presidente mais popular em quase dois séculos de República.

“Foi preciso um nordestino, cabeça-chata, com olhar voltado para os pobres, iniciar a obra, juntamente com o nosso saudoso José Alencar, que coordenou, com ex-Ministro da Integração Ciro Gomes, os preparativos para iniciar a obra. Essa foi uma ação emergencial, mas, sobretudo, estruturante para o Nordeste brasileiro”, reconheceu, orgulhoso, Guimarães em seu discurso.

O pronunciamento do parlamentar cearense, atual líder da Minoria na Câmara, serviu também para criticar o oportunismo e a hipocrisia dos golpistas passaram anos a fio atacando incessantemente a transposição do Velho Chico. “Peça publicitária”, “um dos maiores fracassos do governo”, “um dos mais gritantes equívocos em série promovidos pela gestão petista”, “enganação oficial”, entre outros termos duros, fazem parte do conjunto de diatribes publicadas pelo PSDB em suas redes sociais e portais entre 2010 e 2016. Apenas a conta do PSDB na Câmara, nesse período, postou 101 tweets “denunciando” o projeto que Lula iniciou e Dilma praticamente concluiu antes de ser afastada pelo golpe parlamentar.

“Eu vejo agora que muitos dos que ficavam fiscalizando a obra, dizendo que essa obra não tinha futuro, querendo fazer festa com chapéu alheio, como dizem os cearenses”, ironizou Guimarães, que mencionou expressamente em sua fala o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o presidente ilegítimo Michel Temer.

“Acho que aqueles que vão visitar a obra talvez tenham um pouco de dor, porque sabem muito bem que o DNA dessa obra pertence ao maior presidente da história de todos os tempos do Brasil, que se chama Luiz Inácio Lula da Silva”, concluiu o deputado petista.

Fonte: PT na Câmara