01/12/2016

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"A sensação é de desgoverno, por isso a economia está derretendo", comenta Guimarães

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu 0,8% do segundo para o terceiro trimestre, na sétima queda seguida nessa base de comparação. Em relação ao terceiro trimestre de 2015, a retração – a décima consecutiva – foi de 2,9%. Em 12 meses, o PIB recua 4,4%, segundo o IBGE, que divulgou os resultados na manhã de hoje (30). No ano, até setembro, o resultado é de - 4%, o pior para o período desde o início da série, em 1996.

As taxas negativas incluem todos os setores de atividade, os indicadores de investimento e os de consumo. No período de 12 meses, por exemplo (-4,4%), a despesa de consumo das famílias cai 5,2% e a do governo, 0,9%. A agropecuária tem retração de 5,6%, a indústria sofre queda de 5,4% e os serviços, de 3,2%. A formação bruta de capital fixo (FBCF) tem contração de 13,5%.

O resultado crítico da economia brasileira, na avaliação do deputado José Guimarães (PT-CE), ex-líder do governo Dilma, é o reflexo da política de um governo ilegítimo que tem como mantra “cortar, cortar e cortar”. A solução mágica prometida pelos golpistas, segundo Guimarães, era uma enganação. “Armaram um golpe para tirar a presidenta Dilma da Presidência com a máxima de que a economia voltaria a crescer no dia seguinte, e já se passaram sete meses e até agora a equipe econômica desse governo sem voto não apresentou nenhuma medida que aponte ou que ajude na retomada do crescimento”, criticou.

José Guimarães alertou que se o ritmo de aquecimento da economia for esse, o Brasil, que na sua opinião já está à beira do abismo, vai enfrentar uma desagregação política e social sem precedentes. “E, a considerar propostas como a PEC do fim mundo aprovada em primeiro turno no Senado, haverá um aprofundamento da recessão com mais desemprego”, afirmou.

Guimarães se referiu à proposta de emenda à Constituição (PEC 55, antiga PEC 241), que limita investimentos públicos por 20 anos. “Essa proposta é um equívoco, em momentos de crise econômica é preciso garantir investimentos públicos e não congelar”, enfatizou.

O País, analisou Guimarães, pede socorro e a solução para que a nossa economia volte a crescer e a gerar emprego e renda passa pela devolução do voto ao povo brasileiro. “Só um novo governo respaldado pelas urnas e com um novo modelo econômico colocará de novo o Brasil no rumo certo. Até lá, é só sangrar, sangrar e sangrar. A crise só vai piorar”, lamentou.

Consumo das famílias - No terceiro trimestre, ante 2015, o consumo das famílias caiu 3,4%. "Este resultado pode ser explicado pelo comportamento dos indicadores de inflação, juros, crédito, emprego e renda ao longo do período", diz o IBGE.

Em valores correntes, o PIB somou R$ 1,580 trilhão no terceiro trimestre. A taxa de investimento correspondeu a 16,5% do PIB, ante 18,2% em igual período de 2015. Já a taxa de poupança passou de 15,3% para 15,1%.

Os resultados mostram maior queda na comparação com o trimestre imediatamente anterior, depois de uma tendência de menor intensidade nos períodos recentes. Assim, o PIB caiu 1,6% no terceiro trimestre do ano passado em relação ao segundo, 1,1% no quarto trimestre ante o terceiro, 0,5% no primeiro trimestre deste ano ante o último de 2015, 0,4% no segundo e 0,8% agora.

O PIB acumulado em 12 meses mostrou queda um pouco menos intensa, de 4,4%, ante 4,8% no segundo trimestre e 4,7% no primeiro.

Do segundo para o terceiro trimestre (-0,8%), a agropecuária teve queda de 1,4%, a indústria recuou 1,3% e os serviços, 0,6%. O consumo das famílias teve retração de 0,6%, o sétimo seguido. As exportações caíram 2,8% e as importações, 3,1%.

No setor industrial, o IBGE registrou crescimento de 3,8% no segmento extrativo mineral, puxado pela extração de petróleo e gás natural. A indústria de transformação caiu 2,1% e a construção teve queda de 1,7%.

Os serviços caíram 2,2% na comparação com 2015, com destaque para em transporte, armazenagem e correio (-7,4%) e comércio (atacadista e varejista), com -4,4%. A FBCF tem retração de 8,4%, a décima seguida.
As exportações variam 0,2% e as importações caem 6,8%, "ambas influenciadas pela valorização de 8,5% na taxa de câmbio e pelo desempenho da atividade econômica registrados no período".