16/04/2012

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Estratégia sólida, por José Guimarães

Atualmente, amplia-se o entendimento sobre a importância do Estado para a implementação de políticas públicas que gerem emprego e renda.

A crise mundial iniciada em 2008 nos EUA, agora agravada com o repique na Europa, demoliu dogmas teóricos, mas mesmo assim ainda há adeptos da ortodoxia macroeconômica, saudosos de um modelo que tenta colocar o Estado como o centro do mal e o chamado mercado como a panaceia. Mas o Brasil tem atravessado a crise com sucesso justamente por caminhar na contramão do neoliberalismo e da ortodoxia.

O modelo em curso desde 2003, primeiro com Lula e agora com a presidente Dilma Rousseff, parte do princípio de que o papel do Estado na economia, além da execução das políticas fiscal e monetária, tem também a finalidade fundamental de planejar e induzir o desenvolvimento e crescimento com justiça social.

A partir deste entendimento, conseguimos avançar de forma considerável. O país entrou num ciclo virtuoso de expansão econômica, com um modelo focado no fortalecimento do mercado doméstico, com geração de empregos e distribuição de renda, fomento aos investimentos, ampliação do mercado de crédito, inflação dentro das metas, afora uma solidez fiscal e financeira e crescimento com justiça e desenvolvimento social.

O país tem enfrentado, de forma inédita, a maior crise do capitalismo desde 1929. Ao contrário do que ocorria à época do PSDB e DEM no comando do governo federal, hoje o Brasil não tem pneumonia quando ocorre um espirro nas economias centrais. Passou o tempo em que crises externas geravam desequilíbrios no balanço de pagamentos, na divida pública e no risco-país, inibindo novos investimentos e travando o crescimento.

De 2002 para cá, a inflação média anual passou de 15% para menos de 5%, a divida pública comparada ao PIB foi reduzida à metade, as exportações quintuplicaram, a pobreza encolheu em mais de 50%. E o crescimento é o dobro das décadas anteriores.

No campo da política monetária, houve expansão das operações de crédito em razão da estabilidade econômica, da evolução positiva do mercado de trabalho e da maior “bancarização” da população brasileira. Essa política contribui para impulsionar a atividade econômica doméstica. De 2003 para cá, milhões de brasileiros ingressaram no mercado de consumo sem que se comprometesse a solvência das instituições financeiras brasileiras. Em dezembro de 2011, o crédito como proporção do PIB atingiu 49,1%.

A estratégia econômica é sólida. Tomamos várias medidas para enfrentar a crise, como ações de defesa cambial e o Plano Brasil Maior, que contempla desonerações tributárias e estímulos a investimentos, inovação e competitividade da indústria nacional.

São avanços que vieram do resgate do papel do Estado. Recuperamos os serviços públicos, implementamos politicas sociais e outras medidas que estão transformando o Brasil profundamente. O fortalecimento das instituições - como os bancos públicos e empresas estatais como a Petrobras - integram o arsenal que tem nos ajudado a enfrentar a turbulência. O mercado interno, impulsionado pela expansão do crédito, a recuperação real do salário mínimo e outras medidas, hoje é um dos principais ativos do Brasil. Devemos continuar a fortalecê-lo, num cenário externo de incertezas.

José Guimarães (PT-CE) é deputado federal e vice-líder do governo na Câmara