14/05/2019

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Governador discute corte de recursos de universidades federais

Preocupados com o corte de recursos para o ensino superior anunciado pelo Governo Federal, o governador Camilo Santana, deputados federais do Ceará e reitores das quatro instituições federais de ensino superior no estado se reuniram na manhã desta segunda-feira (13), no Palácio da Abolição. Durante mais de duas horas, foram discutidas ações que possam reverter esse bloqueio de recursos.

Camilo Santana aguarda que o Governo Federal possa manter os recursos disponíveis para que as instituições mantenham investimentos e custeios de suas atividades sem prejuízo para alunos e servidores. “Esperamos sensibilidade do presidente da República para rever essa decisão de imediato. Estive pessoalmente com ele na semana passada, junto com os governadores do Nordeste, e falei sobre a importância da educação ser colocada como prioridade absoluta; inclusive o ensino superior. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para que esse bloqueio de verbas das universidades seja revisto o mais rápido possível”, enfatizou o governador.

Foram definidas algumas estratégias durante o encontro. Uma das ações acordadas é de que a bancada cearense fará requerimentos em cada uma das comissões que os parlamentares participam para convocar o ministro da Educação, Abraham Weintraub, a dar explicações sobre a decisão. Além disso, uma audiência pública também será realizada na Assembleia Legislativa dia 31 de maio para discutir o assunto.

"É necessário ampliarmos a nossa resistência na Câmara Federal que será total, ampla e irrestrita a partir de hoje", comentou o deputado federal, José Guimarães (PT). Os parlamentares cearenses criticaram a utilização dos bloqueios orçamentários nas universidades e institutos federais como moeda de troca para a aprovação da Reforma da Previdência. Na semana passada, o titular do MEC explicou que "se a gente conseguir passar a Previdência e voltar a arrecadação, volta o orçamento".

Para Guimarães, "a educação não pode se submeter a esse tipo de chantagem política que foi dita pelo ministro".

Afetados diretamente

Os quatro reitores presentes – Henry Campos (Universidade Federal do Ceará), Virgílio Araripe (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará), Ricardo Ness (UFCA) e Alexandre Cunha (Unilab) – foram unânimes em dizer que o bloqueio dos recursos vai inviabilizar a oferta atual de serviços e investimentos realizados pelas instituições.

Na UFC as dificuldades já podem ser sentidas, de acordo com o reitor. “Nós já começamos a desempenhar algumas coisas para poder efetuar pagamentos. O nosso corte é da ordem de 38% e é semelhante nas universidades. Isso inviabiliza o funcionamento se não for revertido. Nós não temos tempo de esperar que (o Governo Federal) só vai rever se a reforma da Previdência for votada”, disse Henry Campos.

Virgílio Araripe, do IFCE, corroborou com Henry Campos no tocante à inviabilização dos serviços na atual conjectura. “Se não houver uma situação contrária não dá para fazer com esse valor uma questão de realinhamento interno, a matemática não bate. Isso está nos preocupando. Esses efeitos já estão acontecendo agora. É importante ter toda a sociedade envolvida, lutando conosco para que a gente reverta essa situação. Não tem outro caminho”, ponderou.

Ações cotidianas que vão ser afetadas pela decisão foram pontuadas por Alexandre Cunha. “Eu concordo com tudo que os colegas colocaram aqui. Muitas das universidades federais e institutos já manejam dinheiro do seu funcionamento para assistência estudantil. Não tem como garantir o bandejão, as bolsas. O clima fica péssimo na gestão. O fornecedor acha que não vai receber mais”, citou o reitor da Unilab.

A falta de abertura para tentar solucionar os problemas na base da conversa foi citada pelo reitor da UFCA como um dos principais entraves encontrados pelas instituições na atualidade. “A nossa Universidade nasceu em meio a uma certa crise, mas gente sempre conseguiu contornar e avançar com muito diálogo e é o que não está acontecendo. A gente sempre teve uma boa interlocução com o MEC e esse bloqueio a gente foi notificado pelo sistema, não teve nenhuma nota do MEC, não houve uma reunião”, informou Ricardo Ness.