20/05/2016

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Firme, combativa e determinada do que nunca

"O que está me parecendo é que este governo interino e ilegítimo, ele será um governo bastante conservador em todos os seus aspectos", a declaração foi dada pela presidente Dilma Rousseff ao jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept. Dilma também criticou a composição ministerial do presidente interino, que, segundo ela, é feita por "por homens brancos, sem negros" em um país em que "mais de 50% se declarou de origem afrodescendente" no Censo de 2010.

A presidente afastada também afirmou que pretende recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para definir o mérito da ação, mas deve fazê-lo apenas quando sua defesa julgar adequado. Ela também disse esperar que o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, "dê rito mais consistente" ao processo.

Questionada sobre a suspensão da investigação sobre o senador Aécio Neves (PSDB-MG), autorizada pelo ministro Gilmar Mendes, Dilma afirmou julgar "estranha" a suspensão. "Pelo que eu saiba, nenhuma ação teria sido suspensa até então, nenhum ação de pessoas investigadas pela Lava-Jato", comentou a presidente.

Sobre a possibilidade de que a Operação Lava-Jato possa ser enterrada depois de sua saída, a presidente afastada afirmou considerar que o risco existe, mas ponderou que a investigação tem muitos atores.

Ela questionou, no entanto, a possibilidade do governo não mais indicar o primeiro nome da lista tríplice do Ministério Público para o cargo de procurador-geral da República, uma tradição que teria começado com o presidente Lula e cujo fim foi aventado pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes esta semana. Esta possibilidade, no entanto, foi desautorizada pelo presidente interino no mesmo dia.

A presidente afirmou ainda considerar "um absurdo" a mudança da orientação da política externa, principalmente em relação aos países do Mercosul e dos Brics. "Espero que não cometam esse absurdo para com o país", disse.

Dilma também reiterou ser vítima de um golpe, e que seu líder é o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "O líder não é o presidente interino, o líder é o presidente da Câmara (Eduardo Cunha), que foi afastado", afirmou a presidente.

Dilma aproveitou para justificar o fato de Cunha ter sido parte de seu governo, afirmando que ele faz parte do PMDB "o qual, desde 1999, constrói a maioria com os governos". Ela afirmou também ter tido atritos com o ex-presidente da Câmara dos Deputados ao longo do segundo governo. "Ele é muito bom de agir nas trevas", comentou.